Eu, que sou sombra de mim mesma,
Amo em silêncio uma luz que não me vê.
Seus olhos, janelas para um mundo alheio,
Passam por mim como vento em folhas mortas.
Ah, este desejo que me consome,
Não de possuir, mas de me dissolver!
Quero morrer, sim, para que o nada me abrace,
E o amor, esse eco vazio, se cale enfim.
Na rua da minha alma, chove eternamente,
E eu caminho só, molhado de ausências.
Ela, distante, é o sol que não me aquece,
E eu, mendigo de sonhos, peço a morte como esmola.
Que venha o fim, sem trombetas ou glórias,
Apenas o silêncio, o esquecimento puro.
Pois amar assim é viver já morto,
E morrer é, talvez, o único amor correspondido.